“Ciência transparente”, artigo saído na revista Pesquisa Fapesp deste mês, trata da questão da disponibilização de dados primários das pesquisas. Esse recurso, segundo a revista, vem sendo exigido por várias revistas internacionais, a fim de que uma descoberta possa ser validada: trata-se do princípio da transparência e da reprodutibilidade.
Mais uma vez, as ciências humanas chegam atrasado a essa tendência, que era de fato esperada num quadro de aumento de competitividade numa época de altos investimentos para ciência, tecnologia e inovação. Para quem trabalha com linguística de corpus (grandes conjuntos de textos), como eu, a exigência faz ainda mais sentido, uma vez que os dados e a forma como eles foram trabalhados é crucial para os resultados do trabalho. De fato, já enviei três trabalhos seguindo essa política da trasparência, e espero que essa atitude, ainda pouco difundida, possa levar outros a optarem pela disponibilização de seus dados.
Contra isso, muita gente ainda apresenta uma postura conservadora, de fazer referência limitada aos seus dados. Mas não é só o medo de ter um material “copiado”, e até mesmo utilizado eventualmente contra os resultados a que você chegou, que impede muita gente de fazer isso. Além de tudo, o que está em jogo é o tempo para organizar claramente os critérios de classificação, os grupos de fatores, pois de outra forma algum pequeno erro no seu próprio trabalho de análise pode vir à tona.
